A história das religiões é vasta e mesmo antes dos egípcios, onde é caracterizado como uma das primeiras crenças em deuses, já era cultuada algumas ideias que podem ser caracterizadas como “adoração” ao divino, desde a época de chuva depois de meses de seca ate a aparição de fogo, seja depois de uma tempestade de raios ou pelo calor forte, esses fenômenos já eram adorados como sendo de seres superiores a nós.
Mas em toda a história, o termo “paz” veio ser criado, como sendo algo divino, apenas na Grécia, apesar de que quando ela foi criada, a relação Homem/Deuses já estavam bem comprometidas. Eirene é a deusa da paz na mitologia grega e uma das Horas, divindades que se caracterizavam por serem divindades que personificavam alguns períodos de tempo, ou seja, a paz era considerada, entre os gregos, como algo passageiro, algo temporário e que, a partir disso, com a criação das religiões cristãs, a Paz foi propagada, não apenas como adoração para Deus, mas como um serviço humanista, proferido pelas palavras de Jesus Cristo.
E enquanto os gregos ofereciam sacrifícios a outras divindades, a deusa Paz nunca os recebia. O povo que no mundo melhor representou o ideal humanista teve sempre nos seus bolsos e diante dos olhos a imagem carinhosa da mãe chamada Paz, única a proporcionar-lhe abundância e relações amistosas com outros povos. E, no entanto, a guerra destruiu Atenas!
Poderia se, aqui, contar a história de cada um ou de muitos povos, e chegaríamos à conclusão de que, infelizmente, o heroísmo era medido pelo sangue derramado e não pela virtude, o trabalho e as condições implantadas em cada um deles. Ainda hoje se escrevem livros de História assinalando etapas a partir de guerras e revoluções, e não a partir de movimentos que levaram os povos a empenhar-se em favor do bem comum e da redenção dos marginalizados e esquecidos pela sorte.
A grande questão é: quem está certo sobre a paz?
Os ataques terroristas do 11 de Setembro de 2001, de Nova Iorque e de 11 de Março de 2004 de Madrid, as erupções de violência no Iraque, no Médio Oriente, tem aumentado a discursão sobre o uso da religião para justificar ações humanas. Não há religião nenhuma que possa ser utilizada para justificar o ódio, o terror e a violência, embora isso tenha acontecido muitas vezes durante a história. O único remédio consiste em descobrirmos de novo o caráter gerador de paz intrínseco de todas as religiões.
Se não, vamo-nos afastando cada vez mais de um mundo no qual a humanidade, apesar de toda a diversidade de culturas e religiões, se reuni com o propósito de respeitar a vida e os direitos de cada cidadão, e aceitar o seu modo de ser, por mais diferente que seja.
Pode se aprender ser tolerante e que o terror, que nasce de um fanatismo fundamentalista, não deve ser combatido com foguetes, mas, na última instância, só da condição mais humana possível, a intelectual-cultural. Quando nossa diferença entre os outros animais é que podemos pensar, analisar, assumir responsabilidades e fazer escolhas, temos que aprender a resolvermos as questões humanas com sabedoria e não usando armas, buscando a indiferença, eliminando o que não se “adapta” ao mundo.
Isto tem que ser uma das lições importantes aprendidas destas catástrofes. Só assim será possível criar um mundo no qual a diversidade das culturas e das religiões não é só aceite como tal, mas também como sentido. Num mundo cheio de armas de destruição em massa e pessoas a lucrar em cima disso, não podemos permitir o luxo de converter o fanatismo religioso e a prepotência cultural no motivo para desencadear conflitos cujas consequências constituam um perigo para a humanidade.
A palavra em cheque, em qualquer esfera hoje em dia, é a tolerância. Tolerância sexual, tolerância cultural e também a tolerância religiosa. Com isso, tem se buscado um melhor entendimento, tentando diminuir o mundo de tantos conflitos.
A imagem de Deus Único e Criador como é propagada pela maioria das religiões teístas e que é dita pelos mesmos como sendo de amor, paz e harmonia e que a sua mensagem deve ser passada ao mundo não pode ser utilizado para alvos e interesses parciais; ódio e terror contra outros; violência e opressão da liberdade; proveitos da economia e interesses próprios dos estados.
A paz, a mensagem fundamental de todas as religiões, é o fruto da justiça. E enquanto o mundo a considerar tão pouco, também a esperança fica frágil. Mas também toda a solidariedade pode ser questionada enquanto os pobres não forem completamente integrados na mesma. Também isto faz parte das lições duras do nosso tempo. Uma responsabilidade enorme para os estadistas, mas também para as religiões e as autoridades religiosas.
Autor: Will Melo
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