Hunter “Partch” Adams nasceu em 28 de maio de 1945 em Washington. Na infância, perdeu o pai, que morreu na guerra da Coréia. Após a morte do pai, Hunter voltou para os EUA, com a mãe e o irmão, lá, se sentiu profundamente indignado ao perceber que na nação símbolo da estátua da liberdade, negros ainda eram impedidos de usar mesmos banheiros que os brancos e fossem obrigados a sentar no fundo dos ônibus. Tal indignação e enojamento foram tão grandes e tão perturbadores para Patch que o mesmo fora internado três vezes em sanatórios, a primeira vez aos dezoito anos. Patch literalmente não queria viver em um mundo tão injusto, porém, surgiu nele a vontade de fazer a diferença, de lutar pelo que ele achava certo. Aos 22 anos de idade entrou para a faculdade de medicina, e, desde o início, já sabia do enorme egocentrismo da maioria dos médicos, da hierarquia hospitalar e de tantas outras coisas que o faziam saber que não seria igual aos outros. Durante a vida acadêmica, Patch não sentia medo em mostrar para quê tinha vindo. Ao ver um professor diminuindo um aluno na frente de todos, por exemplo, não temia em dizer em alto e em bom som o quanto ele estava sendo grosseiro e arrogante.
Patch não atura injustiça e de tão inconformado com o tradicional sistema de saúde, aquele em que não se pode estabelecer nenhuma relação com o paciente e o que pessoas sofrem por não terem planos de saúde ou dinheiro para serem atendidas, Patch resolveu por em prática uma grande ideia. Criou em 1972, o Instituto Gesundheit. Ele começou com um grupo de vinte amigos, desses, três eram médicos. Eles passaram a morar na casa, e atenderam cerca de 15.000 pacientes em doze anos. O instituto funcionava 24h/dia e 7 dias por semana. O objetivo da instituição é oferecer o cuidado às pessoas. Ao contrário do que muitos pensam, e do que fora divulgado no filme, Patch Adams – O amor é contagioso, Patch não diz que o riso seja o melhor remédio. No instituto, as pessoas atendidas são conhecidas a fundo desde o início, a entrevista inicial, por exemplo, dura três horas. Durante o atendimento no Gesundheit, todos funcionam como médicos e como pacientes. Não existe hierarquia, ninguém é melhor que ninguém. Os profissionais de saúde oferecem tratamentos médicos e também fazem uso de medicina alternativa, como acupuntura e massagens. Associado a isso, o clima na casa é regado a muito riso, envolvimento com artes e com a natureza. Eles nunca prometem a cura, apenas carinho e atenção. O foco principal é a qualidade de vida e dar um sentido na vida dos que por lá passam. É importante ressaltar que o tratamento é todo gratuito, porém, quem for atendido pode ajudar com o que souber fazer, seja cozinhando, seja cuidando do jardim, por exemplo. Sendo assim, os pacientes não se sentem endividados, ao contrário, sentem-se parte da equipe.
Graças a doações puderam aumentar o terreno, mas, mesmo assim, até hoje, a idéia de construir o único “hospital bobo” do mundo ainda não saiu do papel. Segundo a entrevista dada por Patch ao programa roda viva, exibido na TV Cultura, a Universal Studios teria prometido erguer o hospital com a realização do filme sobre a vida de Patch, porém, mesmo tendo rendido 400 milhões de dólares, Patch não teria recebido um dólar sequer. Segundo ele, o filme foi fantasiado e não consiste em um filme inteligente e muitas coisas do que foram mostradas não são verdade.
“É um filme bom e bonitinho, mas não faz com que o Brasil queira alimentar todos os cidadãos famintos e parar de matar o rio Amazonas. E eu quero proteger o Amazonas...”
(Hunter “Patch” Adams para a entrevista do Programa Roda Viva)
Além do instituto Gesundheit, Patch rompe as fronteiras e vai aonde precisam de ajuda. Em 1984, fez sua primeira viajem com o grupo de palhaços durante a Guerra para a União Soviética. Dessa viajem surgiu o Gesundheit Alcance Global, outra ideia de Patch. Esse grupo objetiva a melhoria da saúde de indivíduos e da comunidade no geral que estejam em situação de crise, doença, pobreza, guerra ou injustiça. Sobre essas viagens, Patch diz ter causado estranheza de início na viajem para a guerra da bósnia. A ONU teria demorado sete meses para autorizar. Após o filme, demoraram quatro dias para autorizar a ida para kosovo. Isso mostra outra vantagem que o filme trouxe para as ações de Patch.
São tantas as ideias, que torna-se inviável conseguir mostrar tudo em um único texto, por isso, para quem quiser saber mais sobre o Instituto Gesundheit e sobre Patch, recomendo que acessem o site da instituição:http://www.patchadams.org/
Também torna-se inviável conhecer melhor esse homem apenas por palavras. Ele transcende a tudo isso, portanto, também sugiro que assistam à entrevista dada por ele durante uma visita ao Brasil para o Programa roda Viva, exibido na TV Cultura. Sem sombras de dúvidas é uma entrevista fantástica, aonde Patch fala com muito humor, inteligência e ironia sobre seu desagrado com o filme, os Estados Unidos, o Sistema de Saúde, a Televisão, e a sociedade no geral. Também fala sobre seus princípios, sobre suas ações e sua história. Vale MUITO à pena assisti-lo. Segue abaixo a entrevista completa:
Hunter “Patch” Adams é sem dúvida, visionário, intelectual, criativo ao extremo, justo, corajoso, caridoso e digno de tantas outras qualidades. Ele conseguiu que sua estadia no mundo não passasse despercebida. Pode não ter conseguido tornar o mundo um lugar justo, mas com toda certeza fez a sua parte, e conseguiu causar mudanças para melhor. Muitos outros grupos surgiram após Patch mostrar que a alegria e acima de tudo, a qualidade de vida, só trazem benefícios. Por toda a sua contribuição para o mundo, Hunter “Patch” Adams foi o escolhido para ser o homenageado do mês do Grupo CativAção Voluntariado.
Texto por: Adrielle Rodrigues
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