Nunca tem se falado tanto em homoafetividade como na contemporaneidade. Mas você deve estar se perguntando o porquê do uso do termo “homoafetividade” e não “homossexualidade” ou então “homossexualismo”. A explicação encontra-se na sua etimologia. Homoafetividade refere-se ao amor e afeto trocado por pessoas do mesmo sexo, pois, em uma relação não se pode resumir que o casal terá apenas uma troca sexual, como é caso do termo homossexualidade, que foi usado durante muito tempo e que da a noção de que esta envolvido apenas questões carnais. Desde a década de 80, o termo homossexualismo foi abolido, pois o prefixo “ismo” remete a doença, sendo entendido por especialistas que a homoafetividade não é uma patologia, mas uma atração e desejo com indivíduos do mesmo sexo.
Mas na sua historia, a palavra homossexual é universal e foi criada em 1869 pelo jornalista gay-húngaro Benkert, para definir a quem ama e sente atração pelo mesmo sexo. A população homossexual começou a tomar conhecimento da importância de exigir tanto o respeito quanto os seus direitos, sem sombra de dúvidas, a partir de um episódio ímpar, a rebelião de Stonewall, considerado pelos estudiosos da área como sendo o início do movimento GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais) contemporâneo. No dia 28 de junho de 1969, como de costume, a polícia deu uma batida no bar que deu nome ao marco.
No entanto, ao invés de apenas levarem alguns frequentadores presos, encontraram um grupo de homossexuais dispostos a lutar pelo fim das constantes batidas. Eles conseguiram. Resistiram e expulsaram os policiais à força. A partir daquele dia, aqueles gays, lésbicas e travestis perceberam que nunca iriam ser aceitos pela sociedade se ficassem apenas esperando e dependendo da boa vontade da sociedade. A rebelião mostrou a eles que a atitude que deveria ser tomada era a de enfrentamento. O discurso mudou. Nada mais de pedir para ser aceito: era preciso exigir respeito.
O movimento gay cresceu em uma proporção enorme, assim como também cresce o preconceito e a intolerância. Isso tem demonstrado que os gays tem sentido mais liberdade em se assumirem, mas também mostra o quanto é preciso ser discutido as questões que envolvem a homoafetividade. Essa busca frenética que o movimento tem feito para mostrar a sociedade que cada um pode amar da sua forma, fazendo passeatas, palestras e também sendo temas de novelas e filmes faz trazer o assunto sempre à tona e proporciona uma busca dos mesmos para se auto afirmarem, não sentirem mais medo e repressão social. Essa auto afirmação é proporcionada, também, pelo órgão judiciário, ao formularem leis de proteção aos gays, tentando apagar ou amenizar, aos poucos, toda a injustiça e opressão que o sistema os proporciona.
Assim como o Dia da Consciência Negra e o Dia Internacional da Mulher, o Dia Internacional do Orgulho Gay é mais uma ação que os afirme como pessoas merecedoras de respeito. É uma medida compensatória por todo o preconceito sofrido e vergonha passada durante toda a história.
Durante centenas de gerações, nossos antepassados ouviram nos púlpitos e confessionários que a homossexualidade era o pecado que mais provocava a ira divina. Ainda recentemente o Cardeal do Rio de Janeiro e muitos pastores proclamam que a Aids, por eles chamada de "peste gay", é um castigo divino contra os homossexuais. Durante séculos nossos antepassados reprimiram seus filhos homossexuais, pois toda a família perdia os direitos civis por três gerações seguidas, caso um seu membro fosse condenado pelo crime de sodomia (termo usado pela literatura medica que tratava a homoafetividade como sendo um ato sádico, e por assim, perverso). No tempo de nossos pais e avós os donos do saber médico proclamaram que os "pederastas" eram doentes, desviados, neuróticos, anormais, etc., submetendo-os a tratamentos cruéis e inócuos.
Nos dias atuais, as coisas mudaram relativamente, apesar de ainda se precisar rever muita coisa. Evoluiu-se muito e tem se entendido e respeitado ainda mais as pessoas que fazem sua escolha em se relacionar afetivamente com outros do mesmo sexo. Todo preconceito e intolerância demonstram um atraso intelectual, fazendo com que uma sociedade deixe de evoluir socialmente. Não é preciso aceitar, mas sim entender e respeitar. Já pensou ser espancado apenas pelo fato de estar andando de mãos dadas com a pessoa que você ama?
Autor: Will Melo
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