sexta-feira, 22 de junho de 2012

Transtorno de Humor Bipolar


O Transtorno de Humor Bipolar (THB) ou, popularmente chamado de Bipolaridade e também conhecido como mania e depressão, é uma desordem do cérebro que causa mudanças não previstas no estado mental da pessoa, no humor, na energia e na habilidade de funcionar corretamente. Diferente dos altos e baixos normais que todos sentimos, o transtorno bipolar é sério, pode destruir relacionamentos, tornar a desempenho ruim no trabalho e escola e até mesmo levar ao suicídio. Mas a boa notícia é que o transtorno bipolar pode ser tratado e pessoas com esta doença podem viver uma vida produtiva e feliz.

O THB afeta cerca de 5% a 10% da população mundial e atinge igualmente homens e mulheres. Este é um transtorno que se desenvolve no final da adolescência ou início da idade adulta. O início da doença ocorre geralmente entre 15 e 19 anos, mas pode ser diagnosticada na infância ou na fase adulta. Raramente surge após os 50 anos. Quanto mais cedo for dado o diagnóstico, menores são os prejuízos sobre os portadores e familiares. Em geral, não é reconhecida como doença, e pode fazer com que as pessoas sofram por anos antes de serem corretamente diagnosticadas e tratadas. As pessoas bipolares não-tratados vivem, em média, 8 anos a menos do que o restante da população.

O Transtorno Bipolar causa mudanças bruscas de humor, acontecendo crises de alto humor (euforia) de baixo humor. Nos episódios de mania (euforia) é comum a pessoa se sentir confiante, com humor para cima, com uma forte exaltação, alegria exagerada e duradoura, irritabilidade, impaciência, o que popularmente chamamos de “pavio curto”. Existe uma agitação, inquietação física e mental, um aumento da energia, da produtividade, começar muitas coisas e não conseguir terminar.

Em alguns casos, podem achar que possui muitos dons ou poderes especiais, por conta disso, o otimismo e confiança são exagerados. Pode-se detectar outros sintomas, como: pensamentos acelerados, tagarelice; distrai-se com facilidade; idéias grandiosas; gastos excessivos; aumento do desejo e da atividade sexual; desinibição, aumento do contato social; comportamento inadequado e provocativo; agressividade física e/ou verbal; insônia e diminuição da necessidade de sono aparecem com frequencia.

Nos episódios depressivos, de baixo humor, normalmente a pessoa encontrasse com um sentimento de perda de interesse ou prazer, tristeza, vazio e igual ao momento eufórico, muito sentem uma irritabilidade forte, sendo pouco toleráveis socialmente. Sentem uma perda de interesse ou prazer em atividades habitualmente interessantes e em muitos casos, há a perda ou aumento do apetite ou peso sem estar em dieta. Nesse “não” investimento pessoal, pode-se citar também sintomas como perda de sono ou sonolência excessiva, sentir-se ou estar agitado ou devagar, fadiga ou perda de energia, sentimento de falta de esperança ou de culpa excessiva, dificuldade de concentração, indecisão, pensamentos de morte ou suicídio, e em casos mais graves, acontecem o planejamento ou tentativas de suicídio.

“Bipolar? Conheço muitos!”


Você, com certeza, já deve ter dito algo parecido. É comum as pessoas começarem a achar que são bipolares ou que conhecem alguém com esse transtorno após descobrirem todos os sintomas, mas devemos ter cuidado ao identificá-los em nós ou nos outros. Nem todas as flutuações do humor são bipolares. A maioria das pessoas tem dias bons e maus. Às vezes, eles são uma resposta aos altos e baixos da vida, mas também você pode, simplesmente, “sair da cama com o pé esquerdo”. As flutuações do humor fazem parte da experiência de vida de todos nós, e reações compreensíveis a acontecimentos infelizes e que não são intensas, evidentes, nem provocam demasiado desconforto ou perturbação em particular, provavelmente não se enquadram no diagnóstico de transtorno bipolar.

Mania e depressão distorcem o humor e pensamentos, estimulam comportamentos desagradáveis, destrói as bases de pensamentos racionais e, muito frequentemente, destrói o desejo e a vontade de viver. É uma doença biológica em suas origens, mas o portador a sente também de maneira psicológica; é uma doença única por proporcionar vantagens e prazeres, mas ainda, traz consigo sofrimento insuportável, e frequentemente, suicídio.

É uma doença crônica, ou seja, não há cura conhecida, mas existe controle quando tratada. O diagnóstico é difícil, principalmente porque os pacientes procuram os médicos só quando estão com depressão. Por isso o THB é facilmente confundido com depressão simples. O erro de diagnóstico pode piorar a doença. Os medicamentos antidepressivos utilizados de forma errada ou sem estabilizador de humor podem levar o paciente a estados graves, podendo terminar em tentativa de suicídio. Uma em cada duas pessoas diagnosticadas como depressivas tem, na verdade, bipolaridade.

A pessoa diagnosticada com THB demora, em média, 10 anos para ser diagnosticado, passa por, pelo menos, quatro médicos e tem três diagnósticos diferentes antes de receber o correto. Assim, é importante que a pessoa se informe a respeito da bipolaridade e que procure um psiquiatra tão logo desconfie ter sintomas de mania ou depressão. Por ser uma doença muito influenciada pela genética, o paciente deve olhar para a sua história familiar.

Convivendo melhor


Agora que podemos identificar melhor a doença, desmistificar o que é o que não é humor bipolar fica mais fácil. Mas, depois diagnosticada com Transtorno do Humor Bipolar, o que a pessoa pode fazer para conviver melhor com essa nova forma de seguir a vida?

Aprender a conviver com a doença da melhor maneira possível é o começo para qualquer transtorno, inclusive a bipolar. A indiferença e não aceitação não fará o problema desaparecer.

Fique alerta para sintomas iniciais de depressão ou mania. A detecção precoce dos sintomas e a medicação adequada podem evitar o desencadeamento de um episódio. Procurar um especialista é o melhor a se fazer nessas situações. Quanto mais cedo identificar a chegada de uma nova crise e tornar a medicação prescrita adequadamente, maior será a chance de evitá-la. Manter-se atualizado com um especialista, tanto o medico, como o psiquiatra e o psicólogo. É importante perguntar, tirar dúvidas, manter um relacionamento baseado em confiança.

O tratamento medicamentoso é fundamental. Mesmo depois das crises terem passado e o acompanhamento psicológico ter se tornado um bom aliado, tomar todos os medicamentos receitados não deve ser esquecido.

Falta ou excesso de sono pode desestabilizar o humor. Manter um padrão regular de sono é aconselhável, como acordar e ir dormir no mesmo horário todos os dias, mesmo nos fins de semana. Cochilos durante o dia não são uma boa pedida, pois eles interferem no sono durante a noite e podem provocar mudanças no seu estado de humor. O melhor é encontrar o equilíbrio certo.

Nada de álcool e drogas, além de outras substâncias que possam provocar oscilações no seu humor como café em excesso, fórmulas para emagrecer e outras medicações. Antes disso, o melhor a fazer é procurar o medico especialista.

Dedique parte do seu tempo para relaxamento. Experimente diferentes técnicas e escolha a que mais se adapta a você, como caminhar, ouvir música, andar de bicicleta, exercícios de relaxamento muscular, ioga, etc. O que pode ser encarado como um desafio nessa vida contemporânea frenética, essas técnicas precisam ser bem encaixadas no cotidiano, para assim se fazer um melhor aproveitamento.

Conviver com o transtorno bipolar muitas vezes torna difícil manter amizades, relações familiares e conjugais. Educação, comunicação e conhecimento são fundamentais para reconstruir seus relacionamentos e afastar o preconceito e estigma sobre a doença. Com tempo as pessoas podem passar a sofrer mais frequentemente (ciclos mais rápidos) e episódios mais severos de mania e depressão, do que aqueles que aconteciam quando a doença começou. Mas, na maioria dos casos, com tratamento adequado é possível levar uma vida produtiva e com qualidade.

A combinação do conhecimento teórico sobre o transtorno bipolar com a sua própria visão do problema, baseada na sua experiência com a doença, pode ajudar a pessoa com THB a entender a doença e encontrar as estratégias mais adequadas para controlá-la.

Autor: Will Costa

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