sábado, 27 de outubro de 2012

O Idoso na Contemporaneidade: Seu papel continua o mesmo?


O envelhecimento é um processo natural na vida de todo ser humano. Esta é uma fase induzida por aspectos biológicos, psicológicos e sociais, que influenciam o homem e sua existência na sociedade, dependendo do modo de ser e de viver. Os aspectos biológicos, por exemplo, são aqueles que começam a aparecer fisicamente, como surgimento dos cabelos brancos, diminuição auditiva e visual, dificuldades para locomover-se, etc.

Na verdade o processo de envelhecimento começa a partir do nascimento, que é quando tem início a trajetória da vida. O declínio físico, que leva às alterações sociais e psicológicas, é uma característica essencial da velhice. É por essa razão que o idoso precisa se sentir ativo, principalmente após a aposentadoria, que é o período de vida em que a sociedade faz com que a pessoa se sinta inútil, iniciando, assim, problemas de saúde física e emocional.

O surgimento dessas mudanças físicas desencadeia alguns aspectos sociais determinantes na qualidade de vida dos idosos, dentre eles um preconceito amplamente disseminado e denominado de “a discriminação contra a idade”, além de outras características que traçam o atual perfil da sociedade de forma extremamente excludente.

Falar sobre a velhice torna-se sempre angustiante e provoca até mesmo nos jovens o medo de pensar que um dia irão envelhecer e viverão solitários, sofridos e dependentes. Isso acontece porque nos dias atuais facilmente podemos observar as condições de vida e as desigualdades sociais vivenciadas por grande parte da velhice, principalmente no Brasil. O que pode explicar tantos estereótipos e essa imagem negativa do envelhecimento e da fase da velhice.

Alimenta-se esse pensamento pela seguinte questão: nossa sociedade vive em uma cultura de consumo exagerada, onde o ser humano vale mais pelo que possui, por sua aparência física e capacidade produtiva, onde os valores éticos e a hierarquia familiar nunca estiveram tão distorcidos. Uma sociedade visivelmente excludente para aqueles que caminham devagar, demoram a concluir um raciocínio ou necessitam que alguém cuide deles. É o que acontece com os idosos, nossos ancestrais, que até meados do século XX eram vistos e respeitados por sua sabedoria de vida e hoje são apenas estorvo para esse sistema de consumo exagerado que nos encontramos.

Cada indivíduo parece ter se reduzido a uma função social e dentro desta conjuntura das funções sociais, o espaço social para o velho parece não existir. Essa falta de utilidade pode ser ainda mais evidenciada quando chega o momento da aposentadoria, o que socialmente simboliza que ele não é mais tão produtivo como era anteriormente e já perdeu sua identidade profissional. Ele torna-se inútil para o sistema produtor capitalista.

O impacto que o envelhecimento acarretará (ou já acarreta) deve ser considerado nas suas múltiplas dimensões, quais sejam: as de natureza demográfica, no sistema de saúde, previdenciário, familiar, sociocultural e educacional, entre outros.

Se as mudanças que são muito significativas evidenciam a necessidade de um novo foco na compreensão das relações e demandas que se apresentam no atual cenário, por outro lado, persistem ainda situações em que o sujeito idoso é responsabilizado pelas mais perversas situações de marginalidade e destituído dos seus direitos mais elementares de cidadania.

Desse modo, a questão da velhice deve ser vista e analisada sob uma ótica em que o horizonte que se vislumbra ainda é matizado por um claro-escuro que denota possibilidades, por um lado, mas que ainda se caracteriza por uma imensa vulnerabilidade e um pesado fardo, sobretudo para as classes economicamente menos favorecidas e que por isso mesmo, deve ser entendida a partir dessa dialética.

Cada sujeito envelhece de modo absolutamente singular, podemos, então, dizer que existam inúmeras formas de envelhecer e de velhices e que dependendo de vários fatores, sendo eles culturais ou biológicos, o individuo idoso que faz sua velhice. Estarmos inseridos em uma sociedade em que mantemos condições excludentes, seja para quem for, e é algo que precisamos pensar, refletir e nos trabalharmos para essa realidade mudar. Não adianta apenas entendermos as mudanças sociais dos idosos e assim reconhecer seu lugar na sociedade, mas para se entender e buscar ações que mudem os paradigmas excludentes de nossa sociedade ocidental. 

texto por Wilson Costa

Vídeo sugerido:

DOCUMENTÁRIO SOBRE 
O ENVELHECER


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