O envelhecimento é um processo
natural na vida de todo ser humano. Esta é uma fase induzida por aspectos
biológicos, psicológicos e sociais, que influenciam o homem e sua existência na
sociedade, dependendo do modo de ser e de viver. Os aspectos biológicos, por
exemplo, são aqueles que começam a aparecer fisicamente, como surgimento dos
cabelos brancos, diminuição auditiva e visual, dificuldades para locomover-se,
etc.
Na verdade o processo de envelhecimento
começa a partir do nascimento, que é quando tem início a trajetória da vida. O
declínio físico, que leva às alterações sociais e psicológicas, é uma
característica essencial da velhice. É por essa razão que o idoso precisa se
sentir ativo, principalmente após a aposentadoria, que é o período de vida em
que a sociedade faz com que a pessoa se sinta inútil, iniciando, assim,
problemas de saúde física e emocional.
O surgimento dessas mudanças
físicas desencadeia alguns aspectos sociais determinantes na qualidade de vida
dos idosos, dentre eles um preconceito amplamente disseminado e denominado de
“a discriminação contra a idade”, além de outras características que traçam o
atual perfil da sociedade de forma extremamente excludente.
Falar sobre a velhice torna-se
sempre angustiante e provoca até mesmo nos jovens o medo de pensar que um dia
irão envelhecer e viverão solitários, sofridos e dependentes. Isso acontece
porque nos dias atuais facilmente podemos observar as condições de vida e as
desigualdades sociais vivenciadas por grande parte da velhice, principalmente
no Brasil. O que pode explicar tantos estereótipos e essa imagem negativa do
envelhecimento e da fase da velhice.
Alimenta-se esse pensamento pela
seguinte questão: nossa sociedade vive em uma cultura de consumo exagerada,
onde o ser humano vale mais pelo que possui, por sua aparência física e
capacidade produtiva, onde os valores éticos e a hierarquia familiar nunca
estiveram tão distorcidos. Uma sociedade visivelmente excludente para aqueles
que caminham devagar, demoram a concluir um raciocínio ou necessitam que alguém
cuide deles. É o que acontece com os idosos, nossos ancestrais, que até meados
do século XX eram vistos e respeitados por sua sabedoria de vida e hoje são apenas
estorvo para esse sistema de consumo exagerado que nos encontramos.
Cada indivíduo parece ter se
reduzido a uma função social e dentro desta conjuntura das funções sociais, o
espaço social para o velho parece não existir. Essa falta de utilidade pode ser
ainda mais evidenciada quando chega o momento da aposentadoria, o que
socialmente simboliza que ele não é mais tão produtivo como era anteriormente e
já perdeu sua identidade profissional. Ele torna-se inútil para o sistema
produtor capitalista.
O impacto que o envelhecimento
acarretará (ou já acarreta) deve ser considerado nas suas múltiplas dimensões,
quais sejam: as de natureza demográfica, no sistema de saúde, previdenciário,
familiar, sociocultural e educacional, entre outros.
Se as mudanças que são muito
significativas evidenciam a necessidade de um novo foco na compreensão das
relações e demandas que se apresentam no atual cenário, por outro lado,
persistem ainda situações em que o sujeito idoso é responsabilizado pelas mais
perversas situações de marginalidade e destituído dos seus direitos mais
elementares de cidadania.
Desse modo, a questão da velhice
deve ser vista e analisada sob uma ótica em que o horizonte que se vislumbra
ainda é matizado por um claro-escuro que denota possibilidades, por um lado,
mas que ainda se caracteriza por uma imensa vulnerabilidade e um pesado fardo,
sobretudo para as classes economicamente menos favorecidas e que por isso
mesmo, deve ser entendida a partir dessa dialética.
Cada sujeito envelhece de modo
absolutamente singular, podemos, então, dizer que existam inúmeras formas de
envelhecer e de velhices e que dependendo de vários fatores, sendo eles
culturais ou biológicos, o individuo idoso que faz sua velhice. Estarmos
inseridos em uma sociedade em que mantemos condições excludentes, seja para
quem for, e é algo que precisamos pensar, refletir e nos trabalharmos para essa
realidade mudar. Não adianta apenas entendermos as
mudanças sociais dos idosos e assim reconhecer seu lugar na sociedade, mas para
se entender e buscar ações que mudem os paradigmas excludentes de nossa
sociedade ocidental.
texto por Wilson Costa
Vídeo sugerido:
DOCUMENTÁRIO SOBRE
O ENVELHECER
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