Quando se fala de infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), a área preventiva é extremamente importante, já que atualmente o único método eficaz para evitar a propagação da doença é a mudança dos comportamentos de risco no âmbito sexual e do uso de drogas injetáveis.
O diagnostico e tratamento da infecção por AIDS esta acompanhado de profundas implicações psicológicas e sociais que não se pode deixar de lado se o que se pretende dar uma resposta eficaz aos diferentes problemas apresentados pela doença.
A incidência anual de AIDS segue aumentando em usuários de drogas via parenteral e na transmissão heterossexual. Em homens, homossexuais e bissexuais observa-se, em alguns países, uma estabilização dos casos desde 1992, sendo que desde 2008, os casos de AIDS em homoafetivos vêm crescendo como esfinge. Em transfusões de sangue, o número de casos novos está em diminuição (em países desenvolvidos), porém, ainda existem pessoas que se infectaram no passado por estas vias e ainda não desenvolveram sintomatologia de AIDS. A incidência de AIDS em filhos de mães soropositivas leva vários anos estabilizados nos países desenvolvidos, apesar de que o número de mulheres infectadas aumentou; estes dados são menos positivos em países pobres.
Desde que foram descritos os primeiros casos de uma, então, rara doença, em 1981, nos Estados Unidos até a atualidade, passou-se já 30 anos. O impacto produzido, pelo que em 1982 se definiria como Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), foi excepcional, não só em nível do mundo da ciência por conta dos seus altos custos humanos, sociais e econômicos e, com certa frequência, por desgraça, devido a sua aparição nas publicações não científicas com claro cunho sensacionalista, marginador ou oportunista, com efeitos desinformativos para a população geral.
A infecção por AIDS não possui intrinsecamente nenhum componente que justifique alterações psicológicas nas pessoas afetadas, salvo naqueles casos nos quais a doença prejudicou estruturas neurológicas. Porém, nas pessoas que são afetadas pelo vírus, a relação psicológica/emotiva se torna comprometida, mexendo, entre um dos fatores, na sua auto-estima. Tanto no momento de conhecer a notícia de sua soropositividade ou inclusive antes, quando a pessoa suspeita estar infectada pela AIDS, o psicológico e o emocional estão bem delicados.
Alguns dos temores dos soropositivos acabam por definir seu estilo de vida e mudando completamente o que se tinha como “vida” antes de adquirir o vírus. Por exemplo: na atualidade, a AIDS não tem cura definitiva; possa vir a existir um temor à perda de sua imagem corporal (aspectos estéticos) e à perda de sua autonomia; temor a ser rechaçado ou perder a seus familiares, amigos, companheiros(as); sentimentos de culpa; temor a contagiar; dificuldades econômicas devido ao alto custo dos tratamentos e também no caso de medicação específica para determinadas doenças oportunistas – esta situação se agrava nos países subdesenvolvidos, onde o sistema de saúde é precário e não pode financiar tais tratamentos).
O sujeito reage frente à possibilidade de perder sua saúde, seus entes e outros seres queridos, seu trabalho e inclusive sua própria vida. Além disso, a visão de si mesmo, sua auto-estima, se vê em ocasiões alterada, uma vez que podem surgir sentimentos de culpa por haver contraído a doença.
O fato de ser soropositivo pode produzir mudanças em estruturas familiares e de “casal”/companheiro(a) – “Vou ficar sozinho.”, “Me abandonarão”. Pela percepção geral da AIDS, ao contrário do que em outras doenças, os sujeitos afetados têm poucas possibilidades de compartir socialmente suas preocupações, ocorrendo com frequência comportamentos de ocultação – “Ninguém pode entender o que estou sentindo”; “Meus amigos não aceitam”; “Vai ser uma vergonha para a família”- que mais tarde podem vir a levar a condutas de isolamento.
É fundamental antecipar e estimular o suporte psicológico que facilite a identificação precoce dos problemas que incidem na aparição das alterações emocionais, já que desta maneira têm-se a oportunidade de atuar sobre eles evitando crise, buscando alternativas, possíveis soluções e facilitando uma utilização adequada dos recursos existentes.
Cabe ainda recordar que até hoje não se dispõe de nenhuma vacina nem agente terapêutico que possam combater com total eficácia o vírus da AIDS, sendo a nossa principal arma contra ela é a prevenção, especialmente por que conhecemos perfeitamente que o vírus se transmite através de comportamentos específicos de tipo sexual e de intercâmbio de seringas (pelo contato direto com sangue).
Para finalizar, cabe alertar que a epidemia da AIDS representa um enorme desafio para as pessoas e para os governos de todo o mundo, especialmente em relação às políticas sociais, de saúde, de pesquisa e educativas.
Autor: Willson Melo
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